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A etérea tristeza do Lemonoise Folkpie em Sad Enough

Novo EP do projeto da cantora alagoana Katty Winne chega nesta sexta-feira (08) com covers e canções autorais


Capa do novo EP do Lemonoise Folkpie por Katty Winne

Antes mesmo dos álbuns gravados em casa por conta da pandemia do novo coronavírus, Katty Winne já utilizava toda a força criativa em experimentações caseiras, projetos paralelos, gravações de covers e muito folk direto do universo do próprio quarto, o winneverse como ela mesma costuma dizer. Foi da parceria remota Brasil/Portugal, no cancelado ano 2020, que nasceu a ideia para o EP "Sad Enough", novo trabalho do Lemonoise Folkpie, projeto da multiartista alagoana com o músico Saulo Mesquita.


O que pode sair, afinal, de uma torta de limão com toques de noise e folk? Muita experimentação, transparência e motivo para reunir mentes criativas numa confeitaria no fim de tarde de um filme indie podem ser algumas das respostas. "O Lemonoise surgiu como um lugar no espaço em que posso ser eu mesma para além de rótulos e expectativas. Sempre curti vários estilos musicais e isso acabava refletindo em minhas músicas, eu precisava de um projeto em que eu pudesse gravar as coisas e guardar, mesmo que ninguém fosse lá ouvir", conta Winne.



Em uma experiência estética de tristeza etérea e exorcismo do ano de 2020 com muita terapia à base de lo-fi, "Sad Enough" estava programado para sair no dia de Natal, mas podemos dizer que chegou na hora certa. Trazendo covers de Madonna (Rain), Daughter (Candles) e Elliott Smith (Twilight) e duas faixas autorais (Fire e Sad Enough), a cantora bateu um papo com o Mixtape 90 para falar do novo trabalho, de referências musicais e de projetos para 2021.


MIXTAPE: Como você define o novo EP?


WINNE: Com muuuita tristeza! (risos) O "Sad Enough" foi todo gravado em casa, com muito carinho, dedicação e amor. Foi uma ponte Brasil/Portugal, já que Saulo Mesquita (guitarras, baixos, vozes, batidas, mix e master) estava por lá quando surgiu a ideia do EP. Trocamos dezenas de faixas até aqui, ideias que chegavam e iam embora. Foi um processo desafiador e incrível ao mesmo tempo. Sinceramente desejo que você só dê o play e deixe rolar. Tem cover e autoral. Tem beleza de alguma forma do começo até o final.


MIXTAPE: O EP tem covers de Madonna e do Elliott Smith, além de faixas autorais. Fala um pouco de cada canção.


WINNE: Cada faixa tem um significado especial. "Candles" é uma música que me marcou muito em 2017/2018; "Twilight" é a minha favorita do Elliott Smith e foi uma canção muito importante para me ajudar a dizer as coisas que eu não conseguia em uma época complicada. "Rain" também me marcou nos últimos anos, mas em especial a Madonna em si, que é uma deusa incrível e inspiradora. As duas faixas autorais são "Fire", que é do Saulo Mesquita, uma canção pela qual eu sou apaixonada, pois ela tem uma vibe etérea, marcante e até certo ponto dolorosa. Perguntei a ele sobre o que era e ele me falou de dor, de confusão e acho que ela passa isso bem. Eu adorei contribuir com os vocais. Eu chorei muito gravando. "Sad Enough" é meu último grito de 2020. É uma faixa que conta sobre o quanto eu romantizei o sofrimento e o quanto tudo isso me arrastou para um dos processos mais difíceis que já vivi. Como eu sempre procuro fazer da arte a minha terapia, todas as músicas que faço são confissões. Minhas e de outras pessoas. Escolhi "Fire" e "Rain" na sequência não de forma aleatória, mas por ter passado pelo fogo e finalmente me sentir na chuva. Sorrindo, livre, feliz.


MIXTAPE: Dos muitos ídolos e referências que você tem, como foi a escolha para as versões que entraram no EP?


WINNE: Eu tenho uma playlist no Spotify dedicada somente às versões que desejo gravar. Eu acredito que fazer versões de uma música é muita responsabilidade, mas sempre topo essas coisas. Dessa vez, escolhi canções que de alguma forma me marcaram, não somente no ano de 2020. Mas vou te falar que gravar "Rain" da Madonna foi a coisa mais louca que já fiz. Gastei todo o meu estoque de voz (risos), mas eu precisava gravar ela para presentear (espero que seja um presente lindo) você (Adolfo), minha melhor amiga de infância (Nedlaine) e todos os fãs da Rainha. Essas versões foram tão experimentais e tão maravilhosas de fazer. Eu me diverti horrores! Sem falar que pude explorar mais meu lado produtora. Gravei várias vozes, experimentei instrumentos novos, testei batidas diferentes, poxa… Foi lindo!



MIXTAPE: A capa também foi desenvolvida por você. Como está sendo esse lado da Winne pintora?


WINNE: A capa foi inspirada em uma fotografia que me tocou muito. Uma mulher deitada em posição fetal no meio da floresta. Pensei: poxa, eu poderia adaptar colocando uns fones de ouvido. Queria dar a impressão de que "Sad Enough" é um álbum com faixas tristes.


Pintar tem funcionado como uma terapia intensa e desafiadora. Eu tento manter um ritmo muito tranquilo de pinturas e me programo para desenhar e pintar todos os dias, nem sempre consigo, mas tento. Em cada nova pintura eu me descubro, me encontro diferente, sinto tudo diferente. Pretendo seguir com isso até onde der. Encher as paredes da casa de pinturas, pintar as paredes da casa, pintar as pessoas e por aí vai. Encher de cor o meu universo. É algo com o qual tenho trabalhado bastante também. E é muito incrível ver a reação das pessoas quando finalizo um trampo. Isso é surreal ainda. Não que eu seja maravilhosa nas pinturas, mas eu estou sempre buscando aprender e sempre coloco muito carinho em todas elas.


MIXTAPE: Você fala do Lemonoise Folkpie como um lugar seguro, um diário coletivo. Como define isso?


WINNE: Eu sempre deixei aberto o Lemonoise Folkpie para quem quisesse contribuir. Sempre falava que era uma Torta de Limão com noise e folk, um espaço para encontrar outras mentes criativas. Muitos já contribuíram até aqui, mas nesse momento somos Saulo Mesquita e eu. Fica aí o convite para quem quiser contribuir de alguma forma.


MIXTAPE: Quais são os projetos e metas para 2021 além da vacina? Hahaha


WINNE: VEM VACINA PELAMOR. VAMOS TIRAR O BOZO! Eu estou procurando não criar muitas expectativas para não ir ladeira abaixo (risos). Mas espero conseguir crescer profissionalmente, ter mais tempo para fazer o que amo e aprender muitas coisas novas. Lançar álbum com a banda Katty Winne (a banda do meu coração) e quem sabe um álbum com o Lemonoise, cheio de influências de Blues. Espero poder abraçar meus amigos e viver momentos felizes.

CLIQUE AQUI para ouvir o EP SAD ENOUGH completo e depois conta pra gente o que achou :)



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